Por que a Stellantis se tornou uma empresa de autopeças?

Montadora entra no ramo da reposição no país, mercado com potencial de movimentar R$ 2 bilhões.

A Stellantis diversificou seus negócios no país entrando no mercado de autopeças recicladas, avaliado em cerca de R$ 2 bilhões. A empresa já opera uma estrutura de desmontagem de veículos instalada em Osasco (SP), na qual foram investidos R$ 13 milhões.

Será neste espaço que a empresa vai praticar um modelo de negócios até então inédito para uma montadora de veículos no país.

Ele funciona da seguinte forma: a Stellantis, por meio da marca subsidiária Circular Autopeças, atuará como um comprador de veículos já em ciclo final de vida, não importa a marca.

A origem desses veículos será, por ora, a frota da própria Stellantis (carros usados em testes) e unidades que estão à venda em leilões.

A empresa não descarta no futuro abrir um canal para pessoas físicas que queiram desmobilizar seus veículos usados para reciclagem em troca de pagamento.

Os critérios usados pela montadora na escolha dos modelos, segundo Paulo Solti, vice-presidente de peças e serviços da Stellantis para a América do Sul, seguem as tendências do mercado.

A avaliação de uma oportunidade de compra levará em consideração o volume do modelo em questão no mercado e se ele atende às exigências do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) em termos de documentação e segurança.

Reparo de peças será feito em empresas parceiras

Uma vez em posse do veículo, a Stellantis então realizará a sua desmontagem na unidade de Osasco. Depois, uma seleção vai destinar componentes com boa saída de mercado para remanufatura.

Esse processo de reparo do componente passa então pela oficina de um dos parceiros da companhia nesse negócio. São cerca de 150 espalhados pela região Sudeste.

Uma vez reparados os componentes, eles seguem para o mercado de reposição. As peças, segundo Solti, estarão disponíveis nos distribuidores de peças no varejo, concessionárias e no mundo digital, nos chamados marketplaces.

“Mostramos para os concessionários como esse modelo de negócio pode trazer receita para eles. Claro que tudo que é novidade pode trazer um certo receio, mas verificamos que para parte da nossa rede a venda dessas peças faz sentido”, contou o executivo quando perguntado a respeito de como a rede reagiu a esse novo negócio da montadora.

Vale lembrar que a venda de peças também é uma importante fonte de receita para concessionários.

DPaschoal será um canal de vendas de peças remanufaturadas

Os componentes da Circular Autopeças, claro, serão vendidos na rede DPaschoal, comprada pela montadora há dois anos. Essa aquisição, inclusive, foi motivada por essa estratégia da companhia de ser um forte player também no aftermarket.

“O reparador vai comprar a peça que precisa no lugar que entregar o componente mais rápido para ele”, disse Solti a respeito da concorrência que há nesse segmento de mercado que tem chamado cada vez mais a atenção da indústria.

Para citar alguns exemplos mais recentes, a Porto Seguro passou a prestar esse mesmo tipo de serviço por meio do seu novo braço, a Renova. A Octa também atua no mercado de reciclagem veicular. A tendência é que essa lista aumente por causa das exigências de reciclabilidade do Programa Mover.

De qualquer modo, ainda que exista essa possibilidade de forte pulverização do mercado, uma montadora do porte da Stellantis no jogo poderá representar uma certa concentração de mercado – uma consolidação que, segundo Solti, já existe no exterior.

“Nos Estados Unidos, um mercado gigantesco, cerca de quatro empresas controlam o segmento. Na Europa a mesma coisa e a tendência é que isso ocorra por aqui também dado o volume possível de negócios que ele proporciona”, contou o executivo.

Receita com reciclagem pode chegar a R$ 3 mil por veículo

A Stellantis calcula que no Brasil há cerca de 48 milhões de veículos já em estágio final. A reciclagem dos seus componentes poderia gerar uma receita de R$ 3 mil por unidade.

Além das peças, o serviço de descarte da montadora também trata de dar destino para peças e componentes que não serão reaproveitados para revenda.

Com essa frente, a montadora passa a ter representatividade nos principais negócios que envolvem a plataforma veicular – venda do zero quilômetro, pós-venda, serviços de assinatura e locação, peças originais e, agora, a reposição.

Afora as questões nesse seu novo empreendimento no país que envolvem a economia circular, que são importantes em termos de descarbonização, a reciclagem veicular se mostra como uma potencial fonte de receita para uma empresa que já lidera o mercado automotivo há anos. Fará o mesmo no mundo das autopeças?

Fonte: Automotive Business

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