Falta de componentes para a produção reduz compras de empresas a 50% de sua demanda e impacta no mercado de seminovos
Ao longo de 2020, as locadoras de automóveis, sozinhas, foram responsáveis por adquirir cerca de 20% de todos os automóveis e veículos comerciais novos vendidos no Brasil, algo superior a 360 mil unidades. Juntas, essas empresas detêm uma frota estimada em pouco mais de 1 milhão de veículos.
De acordo com estimativas da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), mais de 400 mil veículos 0km deixarão de ser adquiridos por essas empresas das montadoras em 2021. O motivo seria a queda na produção de veículos.
“A realidade é que, no mundo, e não apenas no Brasil, as montadoras não têm carros para entregar devido à falta de insumos, principalmente de chips”, diz Paulo Miguel Junior, presidente do Conselho Nacional da ABLA.
Para ele, esse quadro pode ainda se agravar por causa da concorrência do setor de eletrônicos, que pode demandar ainda mais semicondutores no segundo semestre. “Nossa expectativa é que o mercado de veículos só volte à normalidade em 2022″, prevê o executivo.
Projetando as tendências dos anos anteriores, a associação estima que, sem a quebra na produção, as locadoras poderiam comprar até 800 mil veículos no decorrer de 2021, entre modelos de passeio e comerciais leves. Em números, considerando um valor médio dos veículos de R$ 60 mil, isso significa que mais de R$ 22 bilhões deixarão de ser investidos.
Se lembrarmos que, em 2020, as mesmas locadoras foram responsáveis pela venda de cerca de 250 mil veículos seminovos no Brasil, podemos prever que essa redução em sua compra de carros novos poderá ter efeitos no mercado de varejo de seminovos – que, hoje, representa uma importante frente de atuação (e faturamento) para essas empresas.
Resumindo: adquirindo menos unidades, as locadoras serão forçadas a prolongar a vida útil dos automóveis de sua frota, adiando a sua venda.
Com menos carros usados sendo oferecidos no mercado – seguindo a velha, mas não menos certeira – lei da oferta e da procura, há uma grande possibilidade de que os preços desses seminovos aumentem. Especialmente se levarmos em conta, mais uma vez, a diminuição da produção das montadoras.
Fonte: Frota em Foco