Entre os fatores que impulsionam o faturamento do setor em Minas estão mudanças culturais em relação ao uso de carros.
O setor de locação de veículos está em franco crescimento e deve fechar 2024 com uma alta entre 8% e 10% no faturamento ante o ano passado. A mudança de cultura das organizações e das próprias pessoas tem aumentado o consumo desse tipo de produto e ampliado a aderência do serviço, de acordo com o diretor-executivo do Sindicato das Empresas Locadoras de Automóveis do Estado de Minas Gerais (Sindloc), Leonardo Soares.
De acordo com o diretor do sindicato, o primeiro semestre teve um desempenho satisfatório e, historicamente, o segundo desempenha ainda melhor. Por isso, as expectativas positivas para o encerramento do ano. Só em 2023 (dados mais atualizados), 370 mil carros foram emplacados no Estado pelas mais de 3 mil locadoras existentes. Número superior ao ano anterior (2022), quando as locadoras emplacaram 2,6 mil automóveis.
Ele explica que o crescimento contínuo é resultado de uma cultura de locação cada vez mais presente na sociedade. “Estamos quebrando um paradigma histórico que é de ter uma propriedade e o carro ser um bem. O carro passou a ser entendido como uma ferramenta de trabalho, de uso e de mobilidade”, afirma Soares.
Entretanto, a grande frota do País continua sendo a corporativa. A terceirização responde por mais da metade da frota alugada do Brasil. Em Minas Gerais, de acordo com os dados Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), a terceirização é responsável por 60% da frota de veículos alugados. O turismo e lazer, por 25% e o turismo de negócios pelo restante (15%).
“A terceirização continua sendo a maior oportunidade de crescimento das locadoras do Estado porque a maioria das frotas corporativas ainda é própria”, diz o diretor do Sindloc.
“Estamos falando da frota privada e da pública também. Volto à questão da cultura. O Estado também entendeu que é mais barato ter carro alugado do que ter o carro próprio e arcar com toda a manutenção. Temos os exemplos das polícias militares, das frotas da área da saúde que já são quase todas alugadas”, exemplifica.
Acesso ao crédito ainda é desafio para locadoras
Para o diretor-executivo do Sindloc, o crédito de terceiros é o principal desafio para bancar as operações do setor de locação de veículos. A atividade de locação é uma atividade de capital intensivo, ou seja, negócios que requerem um alto montante de capital para operar, e o cenário econômico traz incertezas. “O dólar sobe, taxa de juros que cai ou não cai, situação que deixa os bancos mais seletivos e o crédito mais difícil”, pontua.
De acordo com Leonardo Soares, as locadoras não têm tido o acesso ao crédito que gostariam de ter. “O apetite delas é maior do que elas têm conseguido captar”. Entretanto, até agora não interferiu no crescimento do setor. Outro ponto de atenção que Soares levanta é a expectativa do que virá efetivamente da reforma tributária para o setor.
Motoristas de aplicativos consolidam como novo nicho de mercado para locadoras de veículos
O surgimento dos aplicativos de mobilidade, a princípio, assustou o setor de locação. O diretor do Sindloc conta que lembra de participar de reuniões com empresários preocupados com a chegada dos aplicativos e em busca de solução para o que, na época, foi entendido como uma grande concorrência.
“De repente, foi um nicho novo que surgiu e que se consolidou. Não vamos deixar de ter aplicativos de mobilidade. O setor de locação de carros se tornou um setor vinculado à mobilidade e deve responder em torno de 30% a 40% da frota dos aplicativos”, sugere. Na visão de Soares, o motorista profissional que faz a conta das despesas, entende que é a melhor opção.
Quanto às novas oportunidades, o diretor conta que, timidamente, o setor de locações têm explorado o mercado de pesados. “Já existem empresas investindo alto na locação de caminhões. Porém, é um segmento que ainda cresce de forma mais tímida, pois é um bem de alto valor e exige muito capital dos empresários”, constata.
Da mesma forma, a locação de motocicletas vem se tornando uma oportunidade. “A demanda tem vindo justamente dos entregadores”, conta. Porém, apresenta uma dificuldade na gestão. “Ela é um bem mais barato, mas tem muito acidente, é mais fácil de roubar”, comenta. Apesar disso, o diretor afirma que tem se apresentado como uma tendência e já é notável o aumento vertiginoso da oferta delas para locação.
Assinaturas de carros esbarram na inadimplência
O mercado de assinaturas de veículos para pessoas físicas foi outro nicho que apresenta crescimento iminente no Estado. Entretanto, tem enfrentado um risco específico no negócio: a inadimplência. “Esse segmento tem um risco e está vinculado à situação econômica do País”.
De acordo com a Abla, o mercado de assinaturas cresceu 31% em 2023 em todo o Brasil, mas junto aumentou os consumidores que não honraram suas prestações. “Por isso, as locadoras também ficaram mais seletivas para a entrega do bem”.
Fonte: Diário do Comercio