Dos brinquedos aos carros, brasileiro troca a compra pelo aluguel

Pequenos negócios da economia compartilhada têm encontrado cada vez mais espaço com consumidores brasileiros

Conveniência, senso de comunidade, respeito ao meio ambiente e sustentabilidade. Esses são alguns dos fatores que levam cada vez mais pessoas a aderirem a negócios baseados na economia compartilhada – um sistema de consumo em que não é mais necessário adquirir um produto ou serviço para usufruir de seus benefícios. São os casos, por exemplo, de plataformas de vídeo em streaming ou de aplicativos de transporte.

O modelo vem se expandindo no mundo todo, já que alugar – e não mais comprar – tem ganhado a preferência do consumidor. Por aqui, muitos brasileiros já descobriam as vantagens desse modelo, principalmente quando o uso não é tão frequente. “A mudança de comportamento do cliente, que vem se tornando cada vez mais engajado com o consumo consciente, já é visível”, diz o analista de negócios do Sebrae-SP Marcos Gomes Rabello. “O consumidor brasileiro está começando a se familiarizar e se envolver com esse segmento econômico. A prova disso é a grande adesão a modelos de negócios compartilhados”, observa.

Segundo o consultor, essa mentalidade do consumidor estimula o surgimento de mais oportunidades no mercado. “A abertura do brasileiro à experimentação de novos formatos de negócios e o sucesso de algumas empresas desse segmento são um forte indicativo de que ainda há muito mercado a se explorar”, afirma.

A empresária Denise Della Nina Andrade é uma das empreendedoras que fizeram dessa nova realidade um negócio bem-sucedido. Em 2015, ela inaugurou a OkiPoki, empresa de aluguel de brinquedos voltada para crianças de um a três anos de idade. Ela teve a ideia a partir de sua própria experiência com a maternidade. “Eu era aquela mãe que queria comprar tudo o que via para a minha filha. Mas, o fim, eu via que era tudo muito caro e usaria pouco. Então, pensei que se houvesse uma forma de alugar e compartilhar esses objetos, outras mães também iriam querer”, lembra.

Em um primeiro momento, Denise começou com o aluguel pela OkiPoki apenas pelo site. Depois, o negócio foi crescendo e ela viu a necessidade de ter um galpão para administrar o estoque e manter um ponto físico de atendimento para oferecer um contato mais direto com o cliente. Hoje, ela consegue atender a toda a capital paulista e também a região do ABC.

Além dos brinquedos, seu negócio conta com o aluguel de outros itens para crianças pequenas, como cadeirinhas para carro e para alimentação – sempre de acordo com a necessidade e pedidos dos clientes. Seu estoque tem cerca de 350 peças e seu tíquete médio é de R$ 170 por cliente ao mês. “Quando a pessoa vem alugar algum produto, ela pode escolher desde ficar com ele por 15 dias ou até por alguns meses, de acordo com a sua necessidade. ”

Depois que o produto volta para o galpão, ele passa por um processo de higienização e é embalado para ser disponibilizado a outra criança. Com o dia a dia do negócio, a empresa também começou a receber pedidos para higienizar brinquedos e itens infantis na casa dos clientes, bem como fazer a manutenção de outros brinquedos. Denise decidiu incorporar o serviço, mas sem perder o foco do negócio – a locação de brinquedos para uso em casa.

Na opinião de Denise, a OkiPoki tem ainda um outro diferencial na comparação com as lojas de brinquedo tradicionais. Segundo ela, seu negócio envolve uma relação de confiança, respeito, cuidado com o produto e a consciência de que ele será usado por outras pessoas. “Dei um tiro no escuro. Não fazia ideia de como seria essa relação dos clientes com os brinquedos. Até o momento não tive um cliente que pegou o produto e sumiu, por exemplo. ”

Como em qualquer negócio, os contratempos existem, mas a empresa tem assimilado bem essas situações, diz a empreendedora.

“Os acidentes que acontecem – o cachorro comeu a bolinha, o bebê quebrou o brinquedo – não chegam a 2% das nossas locações. Estamos preparados para lidar com isso. ” Atualmente, a empresa realiza de 80 a 130 locações de brinquedos mensalmente. O número cresceu com a pandemia: houve um aumento de demanda e também procura de pais com crianças com idades diferentes da inicialmente estipulada.

“Tivemos de aumentar nosso estoque e registramos aumento de cerca de 30% no faturamento. Apesar de o futuro ainda ser incerto, nossa expectativa é de um crescimento entre 30% e 50% para os próximos dois anos”, comemora. A perspectiva positiva de Denise também está baseada na confiança de que o mercado de itens compartilhados veio para ficar e que ainda há muito espaço para se expandir. “Vejo como tendência a opção de alugar produtos em vez de comprá-los. Estamos há seis anos no mercado e percebemos que não é algo passageiro. Não só a parte financeira é vantajosa. Tem também a questão ecológica, ambiental; imagina o quanto de plástico se gasta para produzir um brinquedo. ”

Fonte: Por Patricia Gonzalez, do Jornal de Negócios do Sebrae

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