Anfavea celebra recuperação das vendas de veículos, mas questiona se é sustentável

Associação que representa as montadoras aponta que mercado pode superar projeções para o ano, mas alerta para contexto de falta de crédito

As vendas de veículos têm seguido boa trajetória de recuperação ao longo de 2022, mas a questão é: até quando? A pergunta foi feita por Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, associação que representa os fabricantes de veículos, durante coletiva de imprensa na sexta-feira, 7.

O executivo traçou o seguinte cenário: por um lado, o setor caminha para, inclusive, superar um pouco a projeção de 2,14 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus emplacados em 2022, com ligeira alta de 1% sobre 2021.

Por outro lado, no entanto, restrições no acesso ao crédito, alta da inadimplência e aumento do endividamento das famílias levantam o questionamento sobre até que ponto a melhora do mercado será sustentável, já que acontece com base em vendas de veículos feitas à vista – ou seja, para um público mais endinheirado ou, ainda, para frotistas e empresas.

“Essa combinação ainda não impactou o mercado porque há demanda muito forte reprimida pelas limitações recentes na produção [por falta de semicondutores]. Então a média diária de licenciamentos está crescendo apesar da situação do crédito. Nosso desafio é descobrir qual é o teto disso. Por enquanto, não foi uma trava ao crescimento, mas pode acontecer no futuro”, observa o presidente da Anfavea.

Média diária de vendas de veículos em expansão

Em setembro, as vendas de veículos somaram 194 mil unidades, com queda de 7% sobre agosto e evolução de 25,1% sobre o mesmo mês do ano passado. Com esse resultado, Leite classifica setembro como “um mês espetacular, o oitavo consecutivo de crescimento nas vendas em relação ao ano anterior”.

Segundo ele, a contração sobre agosto é justificada pelos dois dias úteis a menos de setembro. O presidente da Anfavea destaca que a média diária de emplacamentos está em expansão e alcançou 9,2 mil unidades/dia no mês passado – evolução de expressivos 24% sobre a média registrada no mesmo intervalo de 2021.

Para Leite, esse dado confirma a tendência de recuperação das vendas. Somados os primeiros nove meses do ano, o mercado automotivo brasileiro alcançou 1,50 milhão de emplacamentos, com baixa de 4,7% na comparação com intervalo equivalente de 2021. A queda no acumulado do ano vem diminuindo a cada mês, destaca o executivo. “Tivemos uma falta maior de semicondutores no primeiro semestre, que foi melhorando e nos permitindo elevar vendas”, aponta.

Com isso, ele considera “perfeitamente factível” alcançar a projeção para o ano. Para isso, o setor automotivo precisará vender 637 mil veículos no último trimestre do ano, com média de 212 mil unidades por mês – patamar superior ao registrado até agora.

“A tendência é de superarmos ligeiramente a expectativa de crescimento de 1% sobre o resultado de vendas de 2021. A Copa do Mundo, em novembro e dezembro, não deve atrapalhar, já que o nosso desafio nesse momento é muito mais de produção do que de demanda”, aponta Leite.

Incerteza para 2023

Assim, o impacto das dificuldades dos consumidores para obter crédito deve ficar para 2023. Leite ainda não arrisca uma projeção, mas diz que a expectativa da Anfavea é que esse cenário seja contornado antes que o problema de oferta de veículos se transforme em uma falta de demanda por dificuldade de crédito,

“Com a inflação diminuindo, esperamos redução da taxa básica de juros e melhora da inadimplência para o próximo ano. Isso deve acomodar o setor automotivo e permitir um crescimento das vendas, com aumento das compras a prazo e redução da participação dos negócios à vista”, aponta.

Ele entende que a tendência é de melhora dessas condições ao longo do ano. Além disso, o presidente da entidade lembra que ainda há muita demanda reprimida a ser atendida pelas montadoras. “Calculamos que há uma 600 mil veículos que precisam ser renovados só na frota das locadoras”, diz.

Fonte: Automotive Business

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