
Montadora alemã quer manter liderança em segmentos tradicionais, celebra exportações e diz que infraestrutura limita a descarbonização do transporte coletivo.
O mercado de ônibus tem tudo para ser motivo de alegrias para a Mercedes-Benz em 2025. A montadora alemã aposta em mais um ano de alta do setor para se manter na liderança em segmentos estratégicos e buscar crescimento em outros.
Em 2024, o setor como um todo vendeu 22.300 chassis, 10% a mais que 2023 e o melhor desempenho nos últimos 10 anos. No primeiro trimestre de 2025, foram mais de 5.500 ônibus licenciados no país, 35% de alta em relação ao mesmo período do ano passado.
Apesar do começo forte do ano, a Mercedes-Benz aposta que o mercado de ônibus pode concluir 2025 com até 25 mil unidades, o que configuraria alta também na casa dos 10%.
“A gente vive um ciclo de crescimento sustentável para o setor de transporte”, acredita Walter Barbosa, vice-presidente de vendas, marketing e peças e serviços dos ônibus Mercedes.
Mercedes é líder do mercado de ônibus
Entre os segmentos do mercado de ônibus, o executivo ressaltou o domínio da Mercedes entre os principais. Nos urbanos, que anotou alta de 15% no trimestre (mais de 2 mil unidades), a fabricante alemã confirma mais de 70% de participação.
Na mercado de fretamento, ainda que sobre uma base fraca e alta de 70% (647 ônibus), a Mercedes tem mais da metade de market share. E mesmo os números ruins da categoria de rodoviários não desanimam a empresa.
Nesse segmento, foram apenas 471 unidades, queda de 20% em relação ao primeiro trimestre de 2024. Para a Mercedes, porém, o ano tem tudo para ser promissor para o mercado de ônibus rodoviários.
“Ano passado o setor de rodoviário foi muito fora da curva. Apesar dessa queda, vai ser um ano muito bom”, aposta Walter.
Segmento de micros é desafio
O desafio da Mercedes para o mercado será o de micro ônibus. O segmento como um todo teve mais mil unidades nos primeiros três meses do ano, e a montadora alemã é a terceira, com 25% de participação – sem contar os chassis do Caminho da Escola.
“É um mercado bastante desafiador, voltado para o varejo e normalmente orientado pelo menor preço”, explica Walter Barbosa.
Mas foi no segmento de fretamento que a empresa concentrou esforços recentes. A categoria teve 657 unidades e, mesmo com a base fraca de 2024, a alta de 70% sinaliza potencial.
A Mercedes respondeu por metade desse mercado de ônibus para fretamentos e lançou o chassi LO 916R. Com versões de entre-eixos de 4,25 metros e 4,80 metros, os modelos são voltados para aplicações rurais.
Os ônibus têm suspensão elevada em 4 cm, pneus de uso misto, bloqueio automático do diferencial, peito de aço para proteção do cárter, entre outros.
Os modelos vão atuar em um subsegmento. Dos 2 mil ônibus de fretamentos do mercado geral previstos para 2025, 10% serão de veículos preparados para uso rural. Volume baixo, mas que pode ser estratégico para as montadoras.
“O fretamento rural é um segmento novo, não é um mercado muito grande, mas com demanda que vem crescendo, especialmente no Centro-oeste e no Sudeste”, aponta o VP da Mercedes Ônibus.
Eletrificação e descarbonização esbarram na infraestrutura
A Mercedes também está de olho bem aberto no mercado de ônibus elétricos. Segundo a empresa, a frota de transporte coletivo movido a bateria no Brasil é de 664 unidades (de 2019 para cá). Destes, 449 operam na cidade de São Paulo.
Neste bolo da eletrificação, a Mercedes tem 111 veículos, além de outros 111 chassis fornecidos para a Eletra. Também há ônibus elétricos que rodam em testes em Vitória, Belo Horizonte, Curitiba, além da capital paulista.
A fabricante alemã tem dois modelos urbanos elétricos. O eo500U, para 80 passageiros e 250 km de autonomia. E o recém-lançado articulado eO500UA, para 120 pessoas e com até 300 km de alcance, que já tem encomendas para 2026.
Indiretamente a Mercedes também atua no mercado de ônibus elétricos com os chassis para a linha e-Bus, da Eletra.
Além da concorrência diferente, o segmento de elétricos também implica em um desafio maior para a expansão, que é justamente a infraestrutura. Walter Barbosa pega o exemplo de São Paulo, onde a maioria das garagens dos operadores de transporte estão nas periferia.
Nestas regiões, a rede de energia elétrica trabalha com linhas de baixas tensões, o que inviabiliza o carregamento de muitos ônibus elétricos simultaneamente.
Seriam necessários linhas de média e alta extensão para recarga de uma frota de 100 veículos, por exemplo. O que demandaria criação de subestações e investimentos altos – de R$ 150 milhõe a R$ 170 milhões.
“Esse é o grande gargalo nesse setor hoje no nosso país”, diz o executivo da Mercedes.
Exportações e ônibus andino
Fora do Brasil, a Mercedes tem veículos elétricos em testes na Argentina, Chile e México. Países importantes no mapa de exportações da fabricante.
Considerada um centro de desenvolvimento de chassis da empresa para o mundo, a Mercedes do Brasil exporta para América Latina e países como África do Sul e Egito.
Depois da Argentina, o segundo maior mercado para as exportações de ônibus da Mercedes é o México. Lá, a marca alemã tem 40% de participação.
Além disso, a empresa celebra o marco de mil unidades vendidas do novo O500, o “ônibus andino”, preparado para operar em altitudes acima dos 5 mil metros. O modelo usa motor OM460 de 12,9 litros, 480 cv e transmissão de 12 marchas, e foi exportado principalmente para Chile, Peru e Guatemala.
Fonte: Automotive Business